O Setembro Amarelo é uma campanha idealizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) para conscientizar sobre a prevenção do suicídio, buscando alertar a população a respeito da realidade da prática no Brasil e no mundo. Por meio dessa campanha, diversas ações são realizadas visando sensibilizar a sociedade e os profissionais da saúde para que se atentem aos sintomas do problema. A psicóloga campo-grandense Ana Lydia Costa Nahas é formada desde 2018 pela faculdade Aems, tem curso em manejo e acompanhamento para cirurgia bariátrica. Ela atua com crianças e adultos com teoria de base analítica e atende online ou presencialmente na clínica Sentir, e contou um pouco sobre os cuidados que devemos ter sobre esse assunto, como agir e principalmente como o diálogo é essencial para qualquer problema e em qualquer relação.

Ana Lydia Costa Nahas – Psicóloga

Entrevistadora: Por que você escolheu atuar na psicologia?

Ana Nahas : Eu sempre tive muita curiosidade em entender e ajudar as pessoas. Então basicamente foi a curiosidade e vontade que me fizeram seguir essa área.

Entrevistadora: Para você como psicóloga, como você enxerga essa campanha do setembro amarelo? Qual o tamanho da importância?

Ana Nahas: A campanha em si é bem interessante no sentido de mudar a ideia de que quem vai ao psiquiatra e psicólogo são loucos, ajuda a quebrar esse preconceito e mostra que está tudo bem e que pedir ajuda é um ato de força. Porém não podemos também esquecer que não se deve ir conversando com qualquer pessoa, que sempre deve ser com algum profissional e que não se deve ter empatia apenas no Setembro Amarelo e sim em qualquer momento do ano.

Entrevistadora: Por que conversar sobre o suicídio ainda é um tabu?

Ana Nahas: As pessoas acabam enxergando como uma situação vergonhosa falar sobre saúde mental, como se fosse uma fraqueza, então ainda tem essa vergonha. Se observarmos uma linha temporal percebemos que começou a ser falado mais sobre isso agora, uns anos atrás isso era tratado como inexistente ou falta de religião ou algo para fazer, e apenas agora estão falando mais e mostrando uma normalidade em saúde mental.

Entrevistadora: E o que você acha que pode ser feito para que uma pessoa se sinta confortável para se abrir e falar sobre isso?

Ana Nahas: É importante acolher e entender que a pessoa que está com depressão ela realmente está em sofrimento, não há necessidade de realmente haver um motivo para tal, mas devemos acolher e entender que essa dor é real para quem sente, ou seja, não duvidar.

Entrevistadora: Qual a dica para alguém que sofre disso e se abre com os pais, e eles não acreditam ou não levam a sério?

Ana Nahas: Importante sempre falar com alguém! Encontrar alguém de confiança e conversar, pode ser alguém da família ou da escola, mas procurar ajuda.

Entrevistadora? Qual a melhor forma de conversar com alguém que tem depressão e que pensa ou já tentou tirar sua vida?

Ana Nahas: Do jeito mais calmo e acolhedor possível, entender que aquela pessoa está sofrendo e está doente, entender que ali é um ser humano que necessita de atenção e requer cuidados.

Entrevistadora: Como funciona o seu atendimento com essas pessoas?

Ana Nahas: Primeiramente são tratamentos longos, devem ter consultas constantes com psiquiatras e psicólogos, para isso, sugiro de abordagem TCC – Teoria Cognitivo Comportamental, que irão entender o foco em si e trabalhar e ajudar com a questão, encontrar os famosos gatilhos e encima trabalhar mecanismos que irão auxiliar para que isso não seja empecilho para viver.

Entrevistadora: E você acha que a melhor maneira de falar sobre o suicidio é realmente divulgando e publicando notícias ou existe um jeito mais “delicado”?

Ana Nahas: É interessante que seja falado e conversado sobre, mas devemos sempre ter em mente que quem vê, ouve ou assiste pode ser um potencial suicida então devemos maneirar nas imagens e linguajar, mas diálogo e conversa sempre irão ajudar e auxiliar nesse caminhar.

Entrevistadora: Por fim, fale um pouco do seu trabalho e atendimentos.

Ana Nahas: Meus atendimentos acontecem de forma presencial ou online, meu público é infantil e adultos, atendo particular e tabela social, tento sempre entender a pessoa que está a minha frente e entendo que cada indivíduo é particular e carrega sua própria história e cicatrizes.