Quando a palavra “príncipe” não foi usada, há quem optou por “herdeiro”, como se tivesse algo para herdar

O presidente Jair Bolsonaro decretou um dia de luto oficial pela morte de Dom Luiz de Orleans e Bragança, um dos integrantes da extinta família imperial brasileira e primeiro na linha de sucessão de um trono inexistente, segundo a edição extra do Diário Oficial da União(DOU). Dom Luiz faleceu na última sexta-feira, 15, aos 84 anos de idade em São Paulo.

Foi surpreendente o fato de que jornais como: CNN Brasil; O Tempo; JC Online; e até mesmo O Globo, ou usaram o termo “príncipe”, ou usaram “herdeiro da família imperial brasileira”, se referindo ao falecido. Convenhamos, todos os foros de nobreza e distinções nobiliárquicas brasileiras foram abolidas em 1891, com a promulgação da nova Constituição, não muito depois da Proclamação da República em 15 de novembro de 1889.

Herdeiro é alguém que tem algo para herdar. Dom Luiz de Orleans e Bragança, assim como todos os seus parentes, não têm nada para herdar. São apenas restos de um circo de horror da história do Brasil. No decreto de Jair Bolsonaro, para adicionar mais um absurdo e contradição, foi escrito que Dom Luiz era “Chefe da Casa Imperial do Brasil”. Nunca foi, na verdade. Pelo menos a Casa Imperial morreu em 1889.

Por mais que digam que a Proclamação da República é “ilegítima”, em 1993 houve um plebiscito para que a população pudesse decidir realmente o que lhe parecia melhor e, adivinhem? Apenas 10,3% dos eleitores daquele tempo optaram pela restauração da monarquia. Ou seja, perderam. A maioria ratificou o atual sistema republicano e presidencialista.

Já passou de hora de esquecer essa história de monarquia. Ela não vai voltar. Vamos deixá-la ir para o mesmo local onde se encontra o tal “ex Chefe da Casa Imperial Brasileira”: sete palmos abaixo da terra.