“Pandemia e Jornalismo” foi o tema central do debate realizado nesta terça-feira durante o 72 Horas de Jornalismo. A mesa apresentada pelos próprios acadêmicos da UCDB e composta pelos jornalistas egressos, Camila Cruz e Liniker Ribeiro. Os dois falaram de suas experiências na cobertura jornalística durante as fases mais críticas e significativas da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus.
A coordenadora de comunicação e marketing na rede D’Or São Luiz, Camila Cruz, destacou os principais desafios para o profissional jornalista na esfera da saúde, sendo seu principal objetivo a mobilização social e o diálogo com as autoridades de saúde em função de prevenir o avanço de doenças, como no caso da Covid-19, e reafirmou a importância do acesso à informação com transparência e veracidade.
“O acesso à informação relacionada à saúde é um direito da população e dever do Estado. As pessoas têm o direito de saber o que acontece em relação à saúde pública no país e os governos têm a obrigação de contar pra gente o que está acontecendo. É a responsabilidade de quem faz comunicação na saúde pública.”
Além disso, a jornalista comentou sobre a necessidade da comunicação se adaptar aos contextos de diferentes comunidades e linguagens no Brasil, principalmente às realidades periféricas e mais necessitadas de recursos na prevenção do contágio.
Esses desafios também foram presentes dentro dos próprios hospitais, sendo necessário cuidar de uma rede de trabalho constante, encorajando e incentivando os diversos profissionais da linha de frente e também na comunicação entre jornalistas e assessorias de imprensa, apoiando profissionais na transmissão de informações verdadeiras sobre os avanços e impactos da doença em meio à Infodemia e às Fake News.
“O nosso trabalho é muito importante e na pandemia ficou muito claro a dimensão do nosso trabalho, da importância, embora tenha encontrado muitos desafios. Para esse enfrentamento à pandemia a comunicação é o principal vetor,” argumentou Camila.

Direto das Ruas
Para o jornalista Liniker Ribeiro, que acompanhou toda a trajetória da pandemia nas ruas de Campo Grande, houve uma reinvenção na profissão, buscando novas formas de fazer reportagens e entrevistas com medidas de segurança para os profissionais e pessoas envolvidas no fazer jornalístico, bem como os desafios de adaptar a enérgica e afetuosa sala de redação em home office para a maioria dos jornalistas nesse período.
“Tivemos vários desafios porque na realidade de casa nem todo mundo tinha toda infraestrutura que você tem numa redação, mas, a gente foi se adaptando. Nós, naquele momento de descoberta então precisávamos informar as pessoas, pela televisão, pelo celular, pelo computador, então a gente entendeu que precisava ajudar essas pessoas”, afirmou o jornalista.
Camila também falou sobre o tópico, pontuando diversas “bases” e princípios do jornalismo até então estabelecidos que foram alterados pela pandemia, como priorizar “o que está sendo dito”, a informação à qualidade do som e imagem, sempre buscada nas gravações.

Emoção
Liniker relatou sua experiência profissional e humana ao cobrir os primeiros casos de infecção e mortes da Covid-19 na Capital, observando o sofrimento das pessoas que perderam seus entes queridos e as dúvidas e preocupação de quem pegava a doença, principalmente no início da pandemia onde o vírus ainda era desconhecido e todos buscavam respostas. O repórter contou que ele mesmo ficou doente e passou por momentos de incertezas e preocupação com as pessoas a sua volta.
“Quando eu voltei para trabalhar, eu tive um gás ainda mais forte de falar ‘eu preciso realmente falar pra pessoa, olha entenda a gravidade do momento que nós estamos vivendo’ e aí falei ‘gente, vamos pra frente e vamos continuar como for necessário, vamos levar informação pra frente e assim a gente vai continuando nesse tempo”.
Liniker também falou do momento da chegada da vacina e sua importância no combate ao vírus, assim como a emoção de transmitir a esperança para os cidadãos, observando a situação da pandemia melhorar a cada dose.
“Foi um dos dias mais emocionantes da minha vida quando eu vi que a vacina realmente tinha chegado, que as primeiras pessoas estavam recebendo as doses e eu acho que foi uma das primeiras ocasiões que eu encontrei vários colegas da imprensa, vendo de longe ainda poder abraçar, mas todos se emocionando com aquele momento”, relembrou Liniker.

Amor pela profissão
Ao final do primeiro dia de “72 Horas”, a mensagem sobre a importância do jornalista, seu reconhecimento como transformador social e o amor por fazer a diferença nos momentos de crise fica marcada nos corações dos acadêmicos da católica.
“Hoje eu tenho prazer realmente de falar que participei de um momento histórico, porque acho que quando eu me formei eu não esperava que fosse passar por isso. Hoje poder estar aqui falando com vocês, porque enfrentei também a doença, vi minha família pegar, trazer aqui essa experiência hoje realmente é emocionante,” disse Liniker, emocionado. E Camila Cruz completou: “A gente não tem como descolar o nosso lado pessoal do nosso lado profissional, somos um ser humano completo, então acho que passar por tudo isso trouxe a valorização de coisas muito simples na nossa vida e que na correria a gente acaba não dando tanto valor.”
Serviço: O 72 Horas de Jornalismo está sendo transmitido pelo Facebook e Youtube do curso de Jornalismo da UCDB, sempre às 9h30. Nesta quarta-feira (27/10), o encontro será com o jornalista Eric Marky Terena, co-fundador do Mídia índia.
