Segundo o Instituto Paraná Pesquisa, 24% dos jovens, entre 16 e 24 anos, aumentaram o consumo de bebidas alcoólicas durante a pandemia. E, de acordo com a psicóloga, Camila Soares (CRP: 14/03496-3), esse hábito é um dos impactos gerados pela pandemia do novo coronavírus. 

Em uma outra pesquisa, realizada pela rede social Instagram, de um total de 91 pessoas, com idade entre 17 e 30 anos, 64% afirmaram que não tiveram aumento no consumo de bebidas; entretanto, houve também relatos de aumento do consumo de doces e cigarros. 

“Por conta da dificuldade de vir a enfrentar, da pessoa encarar, se rever, se conhecer, lidar e administrar esses sentimentos, ela acaba indo pelo caminho do que ‘é mais fácil’, num certo sentido, porque dá prazer imediato e, no caso do álcool não é só pelo prazer, mas também por causar uma certa anestesia”, afirma a especialista.

A psicóloga conta ainda que com a pandemia houve uma grande mudança social e de comportamento num modo geral e, devido o ser humano não saber lidar muito com incertezas e angústias, o mais fácil é fugir, momento que se encaixa o álcool, os doces e também o cigarro.

Participante da enquete, o estudante *Miguel, de 27 anos, afirma que o álcool não só ajuda durante esse tempo difícil como também contribui para trazer lembranças de um tempo em que saía para conversar com os amigos. 

“Tenho consumido mais cerveja e ela me traz uma sensação, não digo de alívio, mas é como se por um breve momento ali eu conseguisse trazer e resgatar memórias do passado, de quando eu sentava com amigos para beber. Uma sensação de alegria, de convívio e de comemoração. Então, eu acho que o fato de eu beber um pouco mais, aliás, bem mais, nessa pandemia é por conta da sensação de talvez eu tentar resgatar certas memórias que ficaram só no meu inconsciente, já que a atual situação não permite que a gente faça celebrações, enfim, tenha uma vida ‘normal’”, completa. 

Assim como o estudante, a dentista que ocupa a linha de frente em consultórios Loriane, de 26 anos, encontra conforto e acalento nos doces, que viraram parte de sua rotina. Ela afirma que a exposição diária e o contato direto com a saliva de muitas pessoas aumentam sua ansiedade.

“Durante a pandemia eu acabei comendo mais doce, porque a gente vê o que está acontecendo e fica muito nervoso, estressado e no fim do dia eu só quero uma ‘comfort food’, uma comida que me dê prazer e eu acho isso no chocolate. E até essa sensação de falta de amigos e família, o doce acaba liberando a sensação de prazer no corpo da gente. Então, eu acabei consumindo muito mais doce para achar ali um momento de alegria no meio desse caos todo”, afirma. 

A psicóloga Camila diz que no meio de tudo isso que está acontecendo, fugir para a realidade da memória é um ato muito saudável, porém é necessário que as pessoas entendam muito o seu sentimento e saibam que nada disso é para sempre.

“Procurar lembranças reconfortantes é um movimento saudável, desde que não envolva substâncias em excesso que prejudiquem a saúde. Eu, por exemplo, costumo fechar meus olhos e ter uma lembrança do mar”, finaliza a psicóloga.

Para saber mais, confira o podcast abaixo que fala sobre esses consumos durante a pandemia. O bate-papo foi intermediado pela acadêmica de jornalismo, Débora Ricalde com participação da psicóloga e psicodramatista, Camila Soares, Loriane e outra pessoa que preferiu não se identificar.

*Todos os nomes dos personagens são fictícios, para preservação de identidade.